segunda-feira, abril 02, 2012




                Hoje em dia não cabe empreendimentos improvisados. Como se diz, de boas intenções o inferno está cheio. Pequenos ou grandes, quando se decide colocar em ação uma idéia, pressupõe-se que ela deverá ser sólida e duradoura.

            O que vi do proclamado “Abrigo para animais abandonados de Rio Bonito”, não corresponde a um projeto bem delineado nem apresenta solidez. Na minha concepção antes de existir de fato, com captação de animais, tal local deveria :

1)    Ter canis individuais, com espaço suficiente. Poderão até haver mais de um animal por canil, desde que haja espaço por metro quadrado suficiente, mas com objetivo de separar grupos amistosos. É certo que os cães, por sua etologia (estudo do comportamento) tem simpatias e antipatias, logo não se pode apenas agrupá-los e sim perceber com quem cada um se harmoniza, para que façam companhia um ao outro, e não sofrer pressões hierárquicas, estress e risco de brigas.

2)    Os animais devem ser castrados, pois se forem colocados juntos em gêneros diferentes, obviamente para não haver risco de gestações indesejadas, e mais uma vez gerar estress e violência durante o cio, que notoriamente os fazem alterados, mais irritados e sensíveis.


3)    Deve haver água encanada de acesso fácil, para limpeza do local, banhos periódicos, e para mantê-los com água fresca necessária e saúde de qualquer ser.

4)    Os canis devem ser bem estruturados, com local coberto e solário, e da mesma forma, devem haver dependências para as pessoas que vão cuidá-los, banheiros e vestiários, pois não é conveniente trabalhar com animais e usar a mesma vestimenta ao sair do local. Os voluntários devem ter também o mínimo de conforto durante as horas que se dedicam aos animais.


5)    Deverá haver pessoas para a limpeza diária, e manutenção de alimento e águia. Lembrando que comida e água não basta, animais confinados sem qualquer atividade lúdica ficam deprimidos, estressados ou mesmo irritados e violentos.

6)    É necessário fichário eletrônico ou físico de cada animal, com a anamnese e dados, medicamentos e procedimentos.


7)    As doações deverão ser registradas e disponibilizadas publicamente para informar as demandas de material. Por exemplo, para que serviria doações de 100 quilos de ração para manutenção de quatro cães num mês? Ou 30 litros de água sanitária para um piso que ainda é de terra?

8)    Por falar em terra, não é conveniente em abrigos haver pisos de terra. Sim, se fosse animais livres e com responsáveis, ficariam muito felizes em gramados, mas estes seriam cuidados e higienizados com facilidade. Em locais onde se agrupam muitos animais, o contato das fezes e ruina na terra, propiciam o desenvolvimento e manutenção de microrganismos infectantes, tais como ovos de vermes intestinais, esporos de fungos patogênicos, além da proliferação de vírus e bactérias, sobretudo em épocas chuvosas.


9)    Pontuar o objetivo do abrigo: o fundamental é remover das ruas animais que possam ameaçar a integridade física dos seres humanos? Quantas notificações de ataque a pessoas têm ocorrido? Os animais recolhidos, reconhecidamente sofreram maus tratos? Não seriam animais com donos, mas com o hábito de passear pelas ruas durante o dia? E os animais sem casa, mas “adotados” por pessoas e comercio local, que os alimentam e protegem, que ficariam deprimidos se fosse recolhidos para locais onde não conhecem ninguém ( como os que aparecem na foto da reportagem do jornal ?) Animais que são mantidos por pela comunidade, podem ser castrados, vacinados e vermifugados, e continuar em liberdade, sem necessidade de serem recolhidos e confinados em abrigos. Não ocorre isso com os seres humanos sem teto? Em geral usam os albergues públicos quando precisam tomar banho, trocar de roupas e alimentar-se, mas em geral não gostam de permanecer definitivamente nestes locais. Tal ocorre com animais de rua que estejam bem socializados com a comunidade local. Aí caberiam ações contínuas e conjuntas de cuidadores, que se responsabilizariam pelos animais, sem a necessidade de confina-los, levando à superpopulação indesejada dos abrigos.

10)  Administradores de abrigos sérios se preocupam mais em mantê-los o mais vazios possível, tendo eficiência em tratar e fazer campanhas de adoção. Também continuamente fazem campanhas de vacinação, divulgam a necessidade de castração, fazem frequentes palestras sobre posse Responsável e bem Estar Animal. São atuantes nestes quesitos, em vez de ficarem apenas como pedintes de doações. Correm atrás de parcerias, lutando por preservar a saúde e integração dos animais que vivem em precariedade. Tais ações permitem que animais com donos em situações de dificuldade sejam contemplados com as rações doadas, vermifugados, vacinados, castrados, podendo conviver em um lar e serem felizes, o que é infinitamente melhor que serem agrupados em abrigos, que considero ser a última solução para quem não tem nada.


11)  Para promover sua sobrevivência, para que não sejam dependentes somente da caridade, num mundo já difícil que cada um tem suas dificuldades, nem sempre há disponibilidade ou possibilidade de doar, e desta forma, um abrigo deve ser gerido por quem tem idéias de captação de renda, como confecção de camisetas, bottons, feijoadas, chás beneficentes, enfim, atividades que sejam enquadradas na concepção de sustentabilidade.

12)  Existem telefones de contato do citado abrigo. Pressupõem-se que .sobrenome das pessoas ou uma linha própria da entidade filantrópica que se formou (está registrada? Como é? Pessoa física ou jurídica?), onde os fins seriam especificados como por exemplo:


a)    Denúncias de maus tratos;
b)    Notificação de animais em sofrimento (sofreram quedas, brigas, atropelamentos);
c)    Notificação de comportamento alterado (agressividade, convulsões, dificuldades de andar);
d)    Possibilidade de atendimento de animais doentes com dono de baixa renda, através de convênios com os médicos veterinários da localidade

13)  O sucesso para tais empreendimentos sem dúvida é  intensidade e a satisfação dada á população dos progressos, dos sucessos. Poderíamos ter um exemplo nestas primeiras horas do “Abrigo para animais abandonados de Rio Bonito”. Onde está a cadelinha prenha recolhida, a que inaugurou a campanha e o projeto? Onde estão os filhotinhos? Onde estão as fotos de antes e depois ? Num mundo virtual, onde chove a facilidade de imagens, quando postarem tais fotos, como vamos saber se são de fato os personagens desta bonita história? Existem apenas quatro animais enfastiados e solitários nas fotos , e embora sem muitos detalhes, não percebemos aquela que deu início a esta história.

Sou crítico sim, porque quero um mundo melhor, não escrevo por escrever, mas porque acredito na força da ação solidária, nas ações coletivas acima de promoções pessoais, e com certeza estarei aguardando melhorias e notícias deste nosso abrigo.

Alex Hudson
Rio Bonito - RJ



Podemos afirmar que as fotos abaixo é um Abrigo de Animais? 

Quem mentiu? 

Os meios de comunicações ou quem repassou as informações e se proveram com fato? 


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"Projetar Brasília para os políticos que vocês colocaram lá,
foi como criar um lindo vaso de flores
para vocês usarem como pinico.
Hoje eu vejo, tristemente,
que Brasília nunca deveria ter
sido projetada em forma de Avião
e sim de Camburão...”.

A.D.



Tão lindas eram suas MATAS
Tão verdes eram seus montes
Tão límpidas eram suas aguas
Tão pacifico era seu povo
Hoje é apenas um arremedo do que foi ontem
O tal progresso insiste em exterminar tudo o que um dia foi bom, gostaria de lhe preservar aos meus olhos
Sobrou apenas a lembrança do que você já foi MINHA AMADA RIO BONITO.

Alex Hudson
(27/11/2011)