sexta-feira, junho 20, 2014

coA Copa do Mundo 2014 está aí, e vemos uma série de dificuldades por toda parte. Obras não concluídas, em várias cidades onde deveria estar tudo pronto há lamaçais, os aeroportos se mantem com inúmeras limitações, onde seus administradores afirmam que após a Copa tudo ficará pronto, e isso soa como ironia.
O que as pessoas não percebem, é que sob este despreparo há um inimigo oculto, que é o perigo de transmissão de doenças durante este período, devido ao grande número de pessoas de todas as partes do mundo que vão chegar.
Muitas doenças custam a se manifestar, e a pessoa pode ser portadora antes dos primeiros sintomas, isto é desembarcar sadia, mas depois desenvolver alguma doença. Outras, são pessoas imunes a determinados microrganismos de suas regiões de origem, mas podendo ser potenciais transmissores das mesmas, principalmente naquelas onde há vetores, isto é mosquitos, pulgas, ou carrapatos, que ajudam a infestar áreas antes indenes.
O que muita gente também não sabe, foi anunciado no site “ OPAS/OMS Brasil” (organização Pan-Americana de Saúde/ Organização Mundial de Saúde). Baseando-se na Portaria no 2.680, de 27 de novembro de 2012, segue-se o relato:
“O Ministério da Saúde liberou recursos que deverão ser aplicados no fortalecimento de ações de vigilância das zoonoses e das doenças de transmissão vetorial (Chagas, dengue e leishmanioses), e também de agravos causados por animais peçonhentos, como os decorrentes de acidentes com escorpiões, aranhas e serpentes.
Os recursos, da ordem de R$ 3,6 milhões, serão usados pelas cidades para a compra de equipamentos e operacionalização das ações relacionadas à vigilância das zoonoses, transmissão vetorial e acidentes com animais peçonhentos. O repasse será feito em parcela única visando à prevenção, proteção e promoção da saúde humana. O repasse dessa verba foi definido a partir de dois critérios: área de risco para raiva humana e as cidades-sede dos jogos da Copa do Mundo de 2014, onde existem Centros de Controle de Zoonoses.”
Abaixo, o anexo com a tabela indicando a distribuição da renda para os diversos estados e municípios. Como pode ser observado, o Estado do Rio de Janeiro não foi contemplado nesta ocasião, e desconheço se houve outros repasses desta ordem. Mas o fato, é que de nada disso estamos a par.
ANEXO
IBGE
UF
Município
Valor de repasse (em R$)
355030
SP
São Paulo
370.000,00
292740
BA
Salvador
320.000,00
530000
DF
Brasília
320.000,00
230440
CE
Fortaleza
295.000,00
310620
MG
Belo Horizonte
295.000,00
130260
AM
Manaus
295.000,00
410690
PR
Curitiba
295.000,00
261160
PE
Recife
295.000,00
431490
RS
Porto Alegre
295.000,00
211130
MA
São Luís
295.000,00
240810
RN
Natal
295.000,00
510340
MT
Cuiabá
230.000,00
TOTAL
3.600.000,00
De acordo com o blog da Clinica “Imunity” especializada em Vacinações e em Clínica da Viagem, e credenciada pela ANVISA, em 2010, durante a Copa na África do Sul, cerca de 350.000 pessoas participaram do evento, visitando oito cidades do país entre os meses de junho e Julho. Foi um evento único em que a África do Sul pôde apresentar à população mundial suas belezas naturais e culturais, além de uma diversidade de atrações turísticas.
Mas, infelizmente, durante o evento, também ocorreu um aumento da transmissão de doenças infectocontagiosas, devido à proximidade de torcedores que passaram a ter o papel de carreadores de vírus, bactérias e outros microrganismos.
A disseminação da gripe e do sarampo em todo o planeta após a copa africana foi um exemplo do que eventos de massa podem acarretar à população mundial.
É necessário uma conscientização de um perigo real para a entrada no país do vírus ebola, de cepas de vírus de sarampo às quais a população não está imunizada, entre outros. Por outro lado, o provável aumento de turismo para o interior do Brasil, pode aumentar e facilitar o trânsito de doenças tropicais características de determinadas áreas, como a febre amarela e a malária, que acomete mais a região Norte do país.
A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) talvez seja uma das raras a se preocupar com este cenário. A Dra. Marise Oliveria da Fonseca, coordenadora do Ambulatório do Viajante da Faculdade de Medicina da UFMG, fez o seguinte depoimento:
“Nos jogos que acontecem em Manaus, por exemplo, o visitante provavelmente vai querer fazer alguma espécie de ecoturismo. Dessa forma, a preocupação vai além do dia do jogo, uma vez que ele precisa se vacinar contra a febre amarela e usar repelente para se proteger de insetos que transmitem outras doenças, além de tomar cuidados com cobras e outros animais peçonhentos que pode encontrar pelo caminho.
Nas cidades que recebem os jogos, todas elas capitais, o saneamento e a infraestrutura permitem que a preocupação seja mais específica. Nas cidades do Sul e Sudeste do país, que terão temperaturas baixas durante a Copa, por exemplo, as doenças transmitidas por vias respiratórias, como meningites e gripes, são a que merecem maior atenção.
Além das doenças que podem ser transmitidas nos locais relacionados aos eventos, os governos federal, estaduais e municipais visam planejar o atendimento às ocorrências médicas que não são relacionadas a doenças infecciosas, como brigas, excesso de álcool, acidentes de trânsito, assaltos e até mesmo acidentes cardiovasculares, que podem ocorrer num momento de maior emoção.
Um estrangeiro que mora num país com poucas ocorrências policiais pode reagir a um assalto e levar um tiro, ou brigar na saída de um estádio. Uma pessoa pode sofrer um acidente cardiovascular por causa da emoção devido a uma vitória do seu time. O nosso sistema de saúde, além de tratar doenças transmissíveis, deve estar preparado para atender essas outras ocorrências que aumentam muito em locais que recebem grande número de pessoas”.
Temos de citar o risco de aumento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), devido ao famigerado turismo sexual, que infelizmente é uma triste nódoa para os brasileiros, e tão pouco combatida.
Outro enfoque, é na Higiene dos alimentos, e a Fiscalização Sanitária deverá ser eficiente e exigente, pelo grande risco de veiculação de doenças trazidas por toxinfecções bacterianas, leveduras, decorrente de indevidas práticas higiênicas de manipulação e conservação de alimentos. Aí também levando em conta que as pessoas que chegam trazem novas cepas de bactérias, que poderão ser disseminadas desta forma.
Todas as potenciais doenças emergentes deveriam estar sendo cuidadosamente estudadas e prevenidas. Recentemente foi detectado um vírus emergente, semelhante ao vírus da dengue, chamado vírus da Febre ou Encefalite do Nilo Ocidental, ou transmitido pelos mesmos mosquitos acometendo pássaros, cavalos e homens,e pode rapidamente se difundir por todo o país, pelas movimentações em massa que vão ocorrer. É uma doença potencialmente séria, para a qual não temos ainda nenhuma imunidade.
Quem estiver interessado no assunto, pode acessar: Faculdade de Medicina da UFMG

Alex Hudson
Fonte consultada:
OPAS/OMS BRASIL
IMUNITY
UFMG

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"Projetar Brasília para os políticos que vocês colocaram lá,
foi como criar um lindo vaso de flores
para vocês usarem como pinico.
Hoje eu vejo, tristemente,
que Brasília nunca deveria ter
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e sim de Camburão...”.

A.D.



Tão lindas eram suas MATAS
Tão verdes eram seus montes
Tão límpidas eram suas aguas
Tão pacifico era seu povo
Hoje é apenas um arremedo do que foi ontem
O tal progresso insiste em exterminar tudo o que um dia foi bom, gostaria de lhe preservar aos meus olhos
Sobrou apenas a lembrança do que você já foi MINHA AMADA RIO BONITO.

Alex Hudson
(27/11/2011)